top of page

Marias. Quem Somos?

 

A violência é um comportamento deliberado e consciente, que pode provocar lesões corporais ou mentais à vítima. O termo vem do latim “violentĭa” e está vinculado à ação que é executada com força ou brutalidade, e que se realiza contra a vontade do outro.

 

A expressão “violência de gênero” é utilizada para tipificar um padrão de violência: aquela praticada por um sexo sobre o sexo oposto. A violência contra a mulher encaixa-se dentro dessa tipificação e permanece sendo uma das violências mais praticadas pela sociedade atual. Essa violência visa à preservação de uma sociedade patriarcal e sua lógica de colocar as Marias em segundo plano, inferiorizá-las.

 

 

“E o que eu tenho a ver com isso?”

 

A sociedade ainda busca culpabilizar a vítima por sofrer violência. Expressões do tipo “Mas ela pediu por isso”, “Se ele bateu, alguma coisa ela fez” ou “Também, olha o tamanho da saia dela”, ainda são comuns quando uma mulher é violentada, seja por seu marido, namorado, seja por um completo estranho.

 

Mulheres começam, então, a aceitar essa culpa, como se elas tivessem provocado aquilo de fato. Como se a violência fosse fruto apenas dos seus atos. O homem acaba sendo alguém que não pode controlar-se quando vê uma saia curta ou que sempre é violento em discussões com a companheira.

 

A legitimação da violência pela própria vítima ainda é fato numa sociedade que impõe à mulher um papel inferior ao exercido pelo homem. Que ainda coloca a mulher como a culpada, como aquela que deve evitar as possíveis ações masculinas, como se os próprios homens não conseguissem se controlar.

 

 

Mas afinal, o que é o Marias?

 

Marias é a 1ª Jornada de Mobilização Social para o Enfrentamento da Violência Contra a Mulher. O evento é iniciativa do Coletivo Baderna , um grupo de militância social que luta para garantir os direitos de Liberdade, Igualdade e Justiça a todo e qualquer brasileiro, indiferente da sua cor, sexualidade e/ou gênero.

 

A jornada surge da necessidade de mobilizar movimentos, grupos, coletivos que discutem e atuam em favor da pauta da mulher durante todo o ano, e convida a sociedade civil para discutir o tema. Daniele Marinho, estudante de Direito da Universidade de Fortaleza (Unifor) e membro-fundadora do coletivo Baderna relata que “o Marias surgiu como parte de um projeto do Coletivo Baderna que aborda especificamente a pauta da mulher com o intuito de fortalecer os movimentos e manifestações sociais existentes, trazendo-os para um momento rico de construção e produção do saber”.

 

“Quanto mais fortes nós, movimentos e manifestações sociais estivermos, mais conseguiremos avançar para conseguirmos políticas públicas que garantam o exercício pleno de normas, para a construção de uma sociedade que pratique com excelência os direitos das mulheres.”, acrescenta Daniele.

 

 

Por que Marias?

 

Juntas somos todas Marias. Quando uma mulher é vítima de violência, todas as outras se transformam e sofrem a mesma dor. Juntas somos mais fortes para enfrentar a violência de gênero. A coletividade permeia a escolha do nome para representar a proposta da Jornada para a Mobilização Social para o Enfrentamento a Violência Contra a Mulher.

 

O nome Marias surgiu em uma conversa despretensiosa. A reflexão de que o nome “Maria” era dado para as filhas pobres de mães sem condições financeiras e que com o tempo passou a ser “chique” chamar uma criança dessa forma, foi o mote para a escolha do nome Marias. “Maria passou a ter uma sonoridade dependendo de onde ela estivesse inserida socialmente. O Marias surgiu para contemplar todas essas mulheres com suas várias características sociais, mas que fazem parte do mesmo sistema opressor.”, esclarece Daniele Marinho.

 

 

16 dias de ativismo

 

O Marias vai acontecer em um período especial. Entre os dias 20 de novembro e 10 de dezembro acontece a Campanha Mundial dos 16 dias de ativismo. Essa campanha é um marco na luta contra a violência de gênero. Os 16 dias surgiram em 1991, quando 23 mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (Center for Women’s Global Leadership - CWGL), lançaram a Campanha dos 16 dias de ativismo com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.

 

O período entre 25 de novembro (Dia Internacional de Não Violência contra as Mulheres) e 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos) foram as datas escolhidas para marcar o início e fim da Campanha dos 16 dias, já que é um período com datas históricas e marcos de lutas das mulheres.

 

Desse modo, a campanha vincula a denúncia e a luta pela não violência contra as mulheres à defesa dos direitos humanos. O Brasil antecipou o início desta campanha para o dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) razão pela qual na realidade não são 16 dias, mas sim 20 dias.

 

 

O que vai rolar?

 

Com uma programação que se estende por 21 dias, o Marias irá debater diversas temáticas relacionadas ao enfrentamento à violência contra a mulher. O evento inicia no dia 20 de novembro (quarta-feira), com uma intervenção artística que acontecerá no espaço do Festival de Arte e Cultura da Universidade Federal do Ceará , na Concha Acústica. Seminários, exposições, cines-debates e uma oficina que resultará em uma apresentação artística são os elementos que compõem o restante da programação do evento.

 

A violência contra a mulher, suas razões e formas de combate são tema do primeiro seminário do Marias, “Seminário Combatendo a Violência contra a mulher”, que acontece no dia 25 de novembro (segunda-feira). A Marcha das Vadias, movimento que acontece em várias cidades do Brasil e do mundo e se manifesta contra as diversas formas de violência e preconceito contra a mulher, será tema do segundo seminário, que se estende por dois dias. Os homens também terão espaço na programação do Marias. No dia 06 de dezembro (sexta-feira), haverá o último seminário do evento com o tema “Homens no Combate à Violência Contra à Mulher”. Todas as mesas acontecerão das 14h às 17h, no auditório do Centro de Humanidades - Área III, da UFC.

 

Na terça-feira, 10 de dezembro, a Jornada se encerra com a apresentação artística “Somos Todas Marias”, resultado da oficina que acontecerá durante 4 dias de evento. O local da apresentação será o Centro de Humanidades - Área I, da UFC. Isso tudo é só uma parte do que vai acontecer durante o evento. A programação completa você confere aqui: http://somostodasmarias.wix.com/marias#!programao/c1xx4.

bottom of page