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Seminário discute a ressignificação de insultos através da Marcha das Vadias

 

   A Marcha das Vadias é um dos mais emblemáticos movimentos na luta pelo direito das mulheres. A discussão de sua identidade e de seus objetivos foram foco do segundo seminário do Marias, “Seminário Marcha das Vadias: Ressignificando insultos, combatendo a violência.” O primeiro dia de seminário (27), contou com a participação de Lola Aronovich, autora do blog “Escreva Lola escreva”, Daniele Marinho, membro fundadora do Coletivo Baderna, e Alessandra Gerra, integrante do grupo Tambores de Safo.

   O que somos? Essa era a pergunta norteadora da discussão no primeiro dia de seminário. A partir de um resgate das origens do movimento, as debatedoras dividiram-se em três eixos. Lola Aronovich discorreu sobre “Do acontecimento histórico ao acontecimento lingüístico: Uma Análise da Marcha das Vadias.” Daniele Marinho falou “De quem mesmo estamos falando?”, enquanto Alessandra Guerra colocou em pauta “Como as Mulheres usaram as mídias sociais para organizar a Marcha das Vadias pelo Brasil.”

 

O que somos?

 

   Em janeiro de 2011, foram registrados diversos casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto, no Canadá. O policial Michael Sanguinetti fez uma observação para que "as mulheres evitassem se vestir como vadias (sluts, no inglês original), para não serem vítimas".

   Como resposta ao comentário, em abril de 2011, teve início SlutWalk no Canadá. Três mil mulheres canadenses foram as ruas protestar contra o discurso de culpabilização das vítimas de violência sexual e de qualquer outro tipo de violência de gênero. A Marcha das Vadias tornou-se, desde então, um movimento internacional de mulheres, a partir da ressignificação do termo vadia. “Se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias!”, é um dos principais discursos colocados pelo movimento.

   No Brasil, a primeira Marcha das Vadias acontece em junho de 2011, em São Paulo. A marcha do Rio de Janeiro, organizada conjuntamente com a de São Paulo, acontece pouco depois. Outras cidades brasileiras, como Recife, Fortaleza e Brasília. Na maioria das cidades onde ocorre, a Marcha das Vadias é auto organizada, sendo convocada pelas redes socias, principalmente Facebook.

 

E o que queremos?

 

   Essa foi a pergunta chave do segundo dia do “Seminário Marcha das Vadias: Ressignificando insultos, combatendo a violência”. Com a participação de Ilana Amaral, professora de filosofia da Unviersidade Estadual do Ceará, e Ellen Souza, mestre em Filosofia e integrante do Tambores de Safo, e mediação de Daniele Marinho, os objetivos do movimento foram o principal foco da discussão.

   O combate a violência física e simbólica contra mulheres é principal objetivo do movimento, segundo a professora Ilana Amaral. “Não queremos dirigir um pedido de proteção ao Estado ou nos colocarmos no papel de vítimas. Queremos que as mulheres tornem-se sujeitos de seus próprios corpos”, conclui.

   Ellen Souza falou um pouco da inserção dos movimentos de mulheres negras dentro da Marcha das Vadias. “Essa visão racista de que as mulheres negras estão ali para servir o homem branco perdura até hoje”, fala ela. Ellen coloca ainda que tentam sempre culpabilizar a vítima pela violência que sofre. ‘Onde que entra a questão da segurança pública? A Constituição garante o nosso direito de ir e vir, não importa o local, o horário, o que estamos vestindo. Temos o direito de circular”, conclui.

 

 

 

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